Agricultura

Dificuldades na exportação complicam rotina de produtores de café

Publicado por
Ricardo Miranda

Sem conseguir frete marítimo para enviar as cargas de café para o exterior, produtores do grão tem enfrentado dificuldade para cumprir os contratos. A opção encontrada por muitos tem sido a via aérea, que é mais cara. O total embarcado nesse tipo de envio mais do que dobrou este ano.

Dificuldade com transporte marítimo tem provocado problemas logísticos para exportadores de café. (Foto: Mapa)

De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), 0,07% dos containers exportados pelo país este ano foram transportados via aérea. Apesar de pequeno, o volume é mais que o dobro do registrado no ano passado. Em alguns tipos de produto o aumento foi ainda maior.

A exportação por via aérea tem sido mais frequente nas variedades mais caras. Para o café solúvel, por exemplo, os embarques aéreos entre janeiro e agosto deste ano cresceram 150% na comparação com o mesmo período de 2020.

As dificuldades logísticas tem impactado o setor. O Cecafé estima que entre maio e agosto de 2021 esse tipo de problema impediu a exportação de 3,5 milhões de sacas de café, o equivalente a aproximadamente US$ 500 milhões.

Opção mais cara

Segundo a Cecafé, o volume de café exportado pelo Brasil caiu 18,7% entre julho e agosto, dois primeiros meses do atual ano-safra. Os gargalos logísticos estão entre os principais fatores que contribuíram para a queda.

Gabriel Afonso Lancha, diretor comercial do Café Labareda, não conseguiu transporte marítimo e teve que enviar, de avião, 300 sacas de cafés especiais par ao Reino Unido. “O cliente ficou cerca de quatro meses sem receber café por causa de atrasos na logística, e o contrato era de envios mensais. Não conseguimos vagas em navios há três meses, e como o cliente não pode ficar sem café, foi preciso encontrar uma maneira de enviar”, explicou.

O envio aéreo encarece o processo. O embarque por navio custa, em média, US$ 0,15/kg. Por avião, o valor é de US$1,30/kg, mais de 700% de diferença.

Transporte aéreo é mais caro, mas tem sido a única opção para exportadores. (Foto: Sedet CE)

Previsão futura

Na avaliação de especialistas, o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a reaberturas das principais economias globais, como Estados Unidos e Europa, fez crescer a demanda por bens o que provocou um aumento expressivo no transporte marítimo. Por isso, é cada vez mais difícil encontrar vagas para enviar os containers em navios.

O setor ainda não tem uma ideia clara de quando a situação deve se normalizar. Aguinaldo Lima, diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) “as expectativas não são muito boas. Algumas projeções dizem que estará resolvido no primeiro trimestre de 2022, outras só no segundo semestre. Não se sabe.”

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