Depois da derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições 2022, muitos questionamentos surgiram com relação ao futuro do agronegócio. O setor é uma das frentes de apoio do presidente e, por outro lado, é um braço forte da economia nacional. A pergunta é: como o presidente eleito pretende lidar com o setor?
O Portal Uai Agro conversou com o Doutor em Direito, Mestre em Administração Pública, Advogado e Cientista Social, Jamir Calili, para entender as previsões dos especialistas sobre a relação do governo com o setor, para o próximo ano. “O agronegócio vai continuar sendo a peça fundamental do crescimento econômico ao lado do setor de serviços. Não haverá, a curto prazo, mudanças econômicas que possam afetar sua produtividade”, afirmou.
Segundo o cientista social, o maior desafio será entender qual o rumo econômico que o país tomará com o novo governo e como ele lidará com o déficit fiscal. “A tendência que pode gerar estresse em curto prazo são as regras ambientais que devem ser mais rígidas com a nova composição política”, afirmou.
A revolução agrícola dos últimos 40 anos colocou o país em destaque e o posicionou como um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Em 2020, a soma de bens e serviços gerados no agronegócio chegou a R$ 1,98 trilhão ou 27% do PIB brasileiro. Dentre os segmentos, a maior parcela é do ramo agrícola, que corresponde a 70% desse valor (R$ 1,38 trilhão), a pecuária corresponde a 30%, ou R$ 602,3 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Uma pesquisa recente do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, mostrou que no segundo trimestre deste ano, mais de 19 milhões de pessoas estão empregadas no agronegócio brasileiro. De acordo com o levantamento, a população ocupada no setor aumentou 4,6%, o equivalente a 839 mil pessoas na comparação com o mesmo período do ano anterior.
A balança comercial do agronegócio brasileiro registrou superavit de US$ 43,7 bilhões no acumulado de 2022 entre os meses de janeiro e abril. As exportações cresceram 34,9% no período, e as importações se mantiveram estáveis com alta de 0,7%, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Perguntamos ao especialista sobre o que deve ser feito para que o setor continue em desenvolvimento. “São três fatores que devem ser levados em conta: a melhoria da política externa para ampliação de mercados, especialmente no ocidente; a estabilização econômica; e o aumento de crédito para o setor aumentar a produtividade”, finalizou.
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