O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) alerta que a guerra na Ucrânia pode causar falta de alguns alimentos no mercado global. O diretor geral do IICA, Manuel Otero, destaca que o conflito altera o funcionamento normal dos mercados, impacta nos preços e nos insumos necessários para a produção agrícola.
A missão do IICA, que tem 34 Estados-membros, é promover o desenvolvimento da agricultura, por meio da cooperação técnica internacional de excelência. Manuel Otero acrescentou que “a escalada (de tensão) ocorre em momentos em que o mundo — e particularmente a América Latina e o Caribe — ainda tenta se recuperar da pandemia de Covid-19, que levou milhões de famílias à pobreza e compromete o futuro de jovens e crianças, principalmente daqueles que não podem sustentar sua escolaridade. Diante do novo cenário, o Diretor Geral reforçou o compromisso do IICA de continuar velando pelo desenvolvimento agropecuário e o bem-estar das comunidades rurais das Américas e, também, de aumentar seus esforços em termos de cooperação e assistência técnica aos países — muitos deles importadores de alimentos —, buscando enfrentar e mitigar as consequências derivadas do conflito na região”, divulgou o IICA.
O Brasil importa mais de 80% dos fertilizantes usados pela agricultura, sendo que quase 25% são comprados da Rússia. De acordo com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), o preço desses produtos já aumentou depois do início da guerra entre Rússia e Ucrânia. Pra se ter uma ideia, a CNA afirma no porto de Paranaguá, no Paraná, o valor da Ureia chegou a US$ 642 por tonelada, o que corresponde a US$ 50 a mais que o registrado antes do conflito. Analistas acreditam que o conflito pode, inclusive, causar desabastecimento de fertilizantes no mercado mundial.
Outro impacto possível é no mercado de trigo. A Rússia é o principal país exportador do grão. Se o país resolver estocar a produção e priorizar o mercado interno, pode haver reflexos no preço de alimentos, como pão e derivados. Mas a Associação Brasileira da Indústria de Trigo, Abitrigo, não acredita que o Brasil possa sofrer com desabastecimento, já que pode comprar de outros países.
O preço do petróleo internacional também está em alta. O Centro Brasileiro de Infraestrutura diz que o barril pode chegar a US$ 200, caso o conflito se estenda. A alta nos combustíveis é outro desafio para a agricultura brasileira.
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