Padre leva projeto agrícola para região carente e faz sucesso

Um padre e uma missão que ultrapassa as paredes da paróquia. Um cristão que entende que o povo precisa mais que um direcionamento espiritual. Em regiões carentes, a população necessita de comida. A maioria não sabe, mas está nas mãos dela o poder de mudança. Foi com esse pensamento que o Frei Honório chegou a Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, em 2019. Ele trouxe na bagagem histórias de sucesso no campo que rapidamente contagiaram a todos naquela região.

“Aqui tem recursos hídricos favoráveis e um solo bom. Existe um clima propício. Mas existe também quase que uma cultura de que aqui não produz, de que não tem comércio. Então eu percebi que existe muita pobreza na zona rural. Pessoas que tem 10 alqueires de terra e os filhos estão trabalhando por um salário mínimo na cidade. Por isso que nós propomos um novo caminho”, revelou Honório.

O padre criou o Projeto Interagir para Construir, também conhecido como Frutificar, no Estado Espírito Santo, em Santa Tereza. Depois o levou para Mantenópolis, Nova Venécia e agora está em Teófilo Otoni.

“Nós costumamos dizer que tudo que sobra na cidade mandam para a roça: as piores estradas são para a roça; a pior energia é para a roça; quando sobram móveis na cidade, mandam para a roça; às vezes fecham escolas na roça. E a roça manda o que tem de melhor para a cidade, que é o alimento e a água. Então essa relação não é justa. É necessário trabalhar essa consciência para que haja uma relação justa. O nosso projeto não trabalha somente a produção e a comercialização. Trabalha a conscientização, a saúde e a educação. Está tudo interligado,” contou padre Honório.

Em Teófilo Otoni, o projeto começou com 6 agricultores. Hoje está em 12 municípios e mais de três mil produtores rurais. Prefeituras e entidades como Senar, Emater e Sebrae abraçaram a iniciativa do padre e a proposta de desenvolvimento cresceu. Uma estratégia para fomentar a atividade agrícola foi visitar produtores que tiveram êxito na produção em outras cidades. A partir daí, os trabalhadores da região puderam escolher o que queriam cultivar.

“A gente mobiliza por meio dos seminários e depois a gente trabalha as formações coletivas específicas. Tem agricultor que quer peixe, uva, goiaba. E a gente faz Dia de Campo dependendo da cultura que o produtor rural escolhe”, revelou o padre.

O Uai Agro conversou com técnico do projeto e ele enviou um vídeo contando o que mudou na realidade da região.