Agricultura

Pequenos produtores faturam R$ 174 mil com safras de feijão

Publicado por
Washington Bonifácio

Plantar e não saber para quem vender é um dilema enfrentado por muitos produtores rurais familiares, espalhados pelo Estado de Minas Gerais. A maioria traz consigo o costume de cultivo entranhado na cultura, mas nem todos têm o empreendedorismo na veia.

A dificuldade de escoamento freou, por muitos anos, o desenvolvimento do cultivo de grãos em Rio Casca, na Região das Matas de Minas. Mas graças à novas parcerias, os produtores agora já têm boas histórias para contar.

“Estávamos desanimados porque não tínhamos comprador, o feijão você tem que colher e vender. Então, muitas famílias plantavam apenas para consumo próprio. A parceria nos incentivou a produzir mais e vender o feijão. Hoje temos prazer de fazer aquilo que gostamos. São duas safras com bons resultados,” diz Ademar Vieira Dias, um dos agricultores da comunidade de Rochedo, em Rio Casca.

Produtores agora querem implementar um banco de sementes para continuar o cultivo. (Foto: Renova)

A parceria a que o produtor rural se refere é o apoio que ele e os colegas começaram a receber da Fundação Renova, em 2019. A empresa criada com a missão de recuperar a Bacia do Rio Doce, em decorrência dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, identificou os problemas enfrentados pelos agricultores e levou uma industria empacotadora, ao município, para comprar a produção. Mas antes foi preciso melhorar a qualidade dos grãos que era mista. Além da consultoria e assistência técnica, os agricultores receberam sementes, adubo e o agrosilício.

Juntas, as safras de 2020 e 2021 totalizaram 686 sacas colhidas, cerca de 41 toneladas de feijão carioca, da variedade marhe.

Com sementes de qualidade superior, o feijão cultivado pelas famílias alcançou a classificação tipo 1 que é mais valorizada pelo mercado. O valor da saca também dobrou.

Projeto Feijão movimentou prefeitura, Emater e técnicos da Renova. (Foto: Renova)

“No cenário atual, de economia em crise, pandemia e dificuldades para prover assistência técnica, é muito significativo alcançarmos a geração de renda superior a R$ 170 mil a essas famílias, que às vezes até perdiam ou vendiam seu feijão por valores irrisórios, por dificuldades de acesso ao mercado”, diz André Mapa, analista de Economia e Inovação da Fundação Renova.

A empresa empacotadora indicada pela  fundação criou uma embalagem exclusiva para o produto, chamado de Cultivo do Bem, que leva também o selo Amigos do Rio Doce, símbolo do apoio a produtores rurais e empreendedores da região.

Próximas ações

Finalizada a segunda safra, entre as próximas ações planejadas dentro do projeto está o apoio às comunidades na formalização de uma Associação de Produtores Rurais, o que permitirá desenvolver outras atividades produtivas e captar recursos para colocá-las em prática. A implementação de um banco de sementes, por meio do trabalho de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), já está em andamento nas comunidades.

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