Pesquisa inédita mostra caminhos para o cultivo do lúpulo brasileiro

Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA), no Sul de Minas, estão fazendo estudos inéditos com uma das principais matérias-primas usadas na fabricação de cervejas, o Lúpulo (Humulus lupulus). Nativa da Europa, Ásia Ocidental e América do Norte, o Lúpulo é acostumado às temperaturas baixas.

Os estudos buscam entender o desenvolvimento da planta nas regiões subtropicais do país e quais são os fatores responsáveis pela floração, já que elas possuem uma substância dourada chamada de lupulina, responsável pelo amargor e aroma característicos das cervejas.

“Inicialmente, nossas pesquisas procuram entender o mecanismo do comportamento do Lúpulo aqui no Brasil e, ao mesmo tempo, aproveitar nosso know-how na área de fisiologia molecular para saber quais são os genes que estão controlando o desenvolvimento reprodutivo da planta”, disse o professor Antônio Chalfun Júnior, do Instituto de Ciências Naturais (ICN/UFLA).

O que se sabe até agora

Acreditava-se que o Lúpulo necessitava de um período de frio para florescer, mas os pesquisadores verificaram que a planta floresce em qualquer época do ano aqui no Brasil. Outro ponto esclarecido foi que o Lúpulo floresce independentemente do encurtamento  das horas de luz. Em relação à qualidade, o estudo comparou amostras produzidas em território brasileiro com as importadas. Após análises, foi possível comprovar que o Brasil tem um grande potencial para a produção.

Cultivo x custos

Cultivar o Lúpulo no Brasil – terceiro maior produtor mundial de cerveja – pode baratear o custo de produção, já que o quilo da flor nacional pode ser encontrado no mercado de R$ 180 a R$ 400. De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), em 2020, o Brasil importou 3.243 mil toneladas do insumo, o equivalente a US$ 57 milhões. A Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), pontuou que a produção nacional da bebida é de aproximadamente 14 bilhões de litros por ano e representa 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB), com faturamento de R$ 100 bilhões/ano.