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Poder de compra do cafeicultor é o pior em 10 anos

O produtor precisa de 3,25 sacas de 60 quilos de arábica para a compra 1t do adubo 20-00-20, contra 2,8 sacas na média dos últimos 10 anos

Cafezal em flor
Cai poder de compra do cafeicultor. (Foto: Cafeicultores do Brasil)
Washington Bonifácio
14 de novembro de 2021
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Não está tranquilo, nem favorável. Para quem não acompanha a cafeicultura e só tem acesso aos números dos preços da saca de café, este parece ser um bom momento para o setor, mas os pesquisadores alertam que não é bem assim. A bienalidade negativa valorizou os preços da commoditie, porém os insumos também subiram.

Segundo o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Renato Garcia Ribeiro, a alta nos preços dos fertilizantes causa incertezas para a próxima colheita. Os tratos culturais precisam ser feitos, a mão de obra necessita ser contratada e a parte arrecadada com a venda não cobre todos os custos, na maioria das vezes.

“Em outubro de 2021, a uréia foi negociada a valores próximos de US$ 700/tonelada em importantes portos mundiais, bem acima do registrado no mesmo mês de 2020, de US$ 200/t. No caso do cloreto de potássio, outra importante fonte potássica utilizada na agricultura, a média de outubro esteve acima de US$ 600/t, aproximadamente 1,6 vezes maior que no mesmo mês do ano passado. No mercado paulista, o adubo formulado 20-00-20, que apresenta média real de R$ 2.150/tonelada nos últimos 10 anos, fechou próximo de R$ 4.000/tonelada em outubro/21”, alerta Garcia.

Renato Garcia pesquisador do Cepea

Renato Garcia Ribeiro, pesquisador do Cepea. (Foto: Divulgação)

Segundo o pesquisador, o poder de compra dos cafeicultores frente a esses insumos já é o pior se comparado à média dos últimos 10 anos. Um levantamento do Cepea mostra que, em outubro de 2021, cafeicultores precisaram de 3,25 sacas de 60 quilos de arábica para a compra de uma tonelada do adubo 20-00-20, contra 2,8 sacas na média dos últimos 10 anos.

Na Região das Matas de Minas, a preocupação também é grande. O diretor presidente da Cooperativa de Café da região (Coocafé), Fernando Cerqueira, confirma essa atenção necessária neste momento.

“Tivemos uma safra ruim em 2020. As plantas vêm de um estresse muito grande. O produtor tem que se cuidar, pois os fertilizantes subiram, também o diesel e os custos de produção. É muito difícil falar de futuro, pois são muitas equações que podem acontecer. Aparentemente estamos com preços firmes e provavelmente queremos isso em 2022”, finaliza Fernando Cerqueira, sobre o valor da saca de café.

presidente da coocafé

Fernando Cerqueira, diretor presidente da Coocafé. (Foto: Washington Bonifácio)

O período chuvoso já chegou em regiões de Minas, como Sul, Leste, Jequitinhonha, e esta é a esperança de muitos cafeicultores. Na região Centro-Sul do Brasil, as lavouras já estão em processo de recuperação, porém as fazendas têm um fluxo de caixa fragilizado, devido ao menor volume produzido. Além disso, existe a preocupação com a falta de alguns insumos.

Insumos importados

A Rússia é um dos maiores fornecedores de fertilizantes nitrogenados ao Brasil. A potência anunciou neste mês que vai restringir as exportações do insumo de dezembro de 2021 a maio do próximo ano.

“A fim de evitar escassez em nosso mercado interno e, como resultado, um aumento nos preços dos alimentos”, foi a justificativa do primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, em nota, ao anunciar a medida.

Para os nitrogenados, os embarques ficaram restritos a 5,9 milhões de toneladas e para adubos complexos contendo nitrogênio a 5,35 milhões de toneladas.

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