Pecuária

Você comeria? Pesquisadores brasileiros desenvolvem carne cultivada

Publicado por
Ricardo Miranda

O consumo mundial de carne de aves segue em ritmo acelerado. Entidades internacionais, como a OECD-FAO, estimam que até o 2026 o mercado deve atingir a marca de 131 milhões de toneladas por ano. Um cenário promissor para indústrias e empresários, mas que exige que sejam criadas alternativas e novas tecnologias para a produção. Diante disso, várias pesquisas estão sendo feitas para tentar criar a chamada “carne cultivada”. No Brasil, um estudo pioneiro está sendo realizado para produzir a proteína de frango em condições controladas em laboratório.

De acordo com os pesquisadores, o novo produto é bastante semelhante ao sassami, desenvolvido na forma de protótipos de filés de peito de frango desossados. A expectativa é que até o fim deste ano a tecnologia já possa ser submetida a análises nutricionais e sensoriais. É um tipo de proteína alternativa que recria tecidos animais em laboratório a partir de células animais, proporcionando carnes análogas às naturais, atendendo às tendências de consumo e agregação de valor. O trabalho está sendo feito na Embrapa Suínos e Aves de Santa Catarina, no Sul do país.

O projeto está sendo financiado pela The Good Food Institute (GFI), uma entidade internacional não governamental que arrecada recursos e apoia iniciativas em todo o mundo. Ao todo, 22 projetos foram selecionados em 2021, sendo 5 brasileiros, entre eles o da Embrapa Suínos e Aves. Os pesquisadores explicam que o crescimento do consumo de proteína, aliado aos novos hábitos alimentadores e a preocupação com a sustentabilidade, despertaram o interesse da comunidade científica em ampliar a tecnologia necessária para atender à demanda alimentar mundial.

A carne cultivada é uma das alternativas avaliadas para atender às novas demandas de tecnologia alimentar. A produção usa células extraídas e um animal e cultivadas em um meio nutritivo em escala laboratorial e, em seguida, em grandes reatores. É uma maneira de ampliar e diversificar a produção de proteínas. “É um assunto discutido há algum tempo. Mas o ganho de escala está se dando agora porque a tecnologia está ficando mais viável, e, por isso, os investimentos no desenvolvimento dessas proteínas alternativas começam a acompanhar esse momento e estão cada vez maiores. Além da vanguarda tecnológica, poderemos oferecer tecnologia e/ou proteínas alternativas a empresas do Brasil e de países importadores de produtos pecuários”, explica Vivian Feddern, pesquisadora-líder do projeto. O produto final pode ser usado para produzir alimentos não estruturados, como filés e bifes.

Em outros países do mundo, como Canadá, República Tcheca, Estados Unidos, Japão, Israel, França, África do Sul e Suiça já estão sendo realizadas pesquisas semelhantes sobre carne cultivada de frango. “Embora estudos com essa cadeia sejam mais recentes quando comparados aos produtos da cultura de células bovinas, muitos esforços vêm sendo empregados nos últimos anos e múltiplas empresas se estabeleceram em diversos locais do mundo”, comenta Feddern.

No Brasil ainda não há uma legislação que permita a comercialização e o consumo desse tipo de produto. Porém, o Plano Nacional de Proteínas Alternativas (PNPA) está sendo criado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária para verificar as normas à respeito de alimentos e ingredientes de base proteica provenientes de plantas, insetos, fungos e outras fontes alternativas. “Algumas empresas, como BRF, JBS e Cellva Ingredients já começaram a investir nas pesquisas para produzir carne cultivada e ingredientes, como a gordura suína cultivada. A maioria está focada em produtos não estruturados, como é o caso de hambúrgueres, diferente de um peito de frango que precisa de estrutura. Como o processo é mais complexo, ainda temos um caminho pela frente”, finaliza a pesquisadora.

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