Ainda pode levar anos até que os países possam compensar as emissões com créditos baseados em projetos de redução de gases.
As negociações para estabelecer mercados de compensação de carbono para permitir que os países comprem créditos para cumprir, parcialmente, as promessas climáticas devem se arrastar além da cúpula COP27 e no próximo ano, segundo observadores e um negociador nas conversações da ONU, conforme divulgado pela Agência Reuters.
Ainda pode levar anos até que os países possam compensar as emissões com créditos baseados em projetos de redução de gases de efeito estufa em outros lugares, sob um mercado internacional de carbono previsto pela primeira vez no Artigo 6 do acordo climático de Paris de 2015 .
“Depois de anos de negociações sobre se os mercados de carbono sob o Acordo de Paris realmente existiriam, agora eles estão na fase de realmente estabelecê-los”, disse Jonathan Crook, analista de políticas da Carbon Market Watch, organização sem fins lucrativos.
Segundo a Reuters, um rascunho de documento com cerca de 60 páginas, publicado na quarta-feira (16), delineou como o comércio de carbono entre países pode funcionar, mas está repleto de seções ainda em debate e indicações para decisões futuras.
“Os textos do Artigo 6 estão todos abertos”, disse Andrea Bonzanni, diretor de política internacional da Associação Internacional de Comércio de Emissões (IETA), na quinta-feira(17).
Pedro Barata, especialista em mercados de carbono do Fundo de Defesa Ambiental, disse que, embora tenha ficado impressionado com o tamanho do rascunho do documento, disse estar claro que “isso não está levando a uma decisão aqui que elimine tudo isso”.
De acordo com a Reuters, as principais questões pendentes incluem até que ponto os registros dos países, ou livros digitais de comércio de carbono, podem ser expostos a escrutínio externo .
Matt Williams, da Unidade de Inteligência de Energia e Clima, disse estar preocupado com a transparência e o potencial de contagem dupla do mesmo crédito em dois países.
O lento progresso nas negociações dos mercados de carbono ocorre quando os países lutam para chegar a um acordo sobre uma longa lista de questões climáticas, enquanto o fim programado da cúpula nesta sexta-feira se aproxima.
“É um passo à frente, mas não sei se é o grande salto que provavelmente era necessário”, disse um negociador que não quis ser identificado.
O rascunho do documento de quarta-feira referia-se apenas à subseção do Artigo 6 que trata de como os países podem usar o mercado de carbono.
As conversas sobre outra subseção ligada à interação dos registros de crédito de carbono dos países e o chamado mercado voluntário de carbono, onde as compensações de carbono já são negociadas entre particulares, também estão atrasadas.