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Sul de Minas pretende retomar a produção de marmelo

Produção da fruta já foi uma importante atividade da agricultura no estado

(Foto: Reprodução/Conheça MG)
Guto Moreira
17 de janeiro de 2022
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A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) e a Universidade Federal de Lavras (Ufla) firmaram uma parceria que pode alavancar novamente a produção de marmelo no Sul do estado, prioritariamente na fabricação do doce, conhecido como marmelada. O objetivo é ajudar também no resgate da cultura tradicional e que vem entrando em decadência ao longo dos anos.

Nas décadas de 1960 e 1970, a atividade já deu a Minas Gerais o título de maior produtor de marmelos do país, em municípios como Virginia, Marmelópolis, Delfim Moreira, Maria da Fé e Cristina, localizados na região da Serra da Mantiqueira.

Estão sendo distribuídas de seis a sete cultivares de marmeleiro a produtores de 10 municípios mineiros. São 23 mudas de cada cultivar, totalizando 161 mudas que cada um dos agricultores vai plantar em sua propriedade. A proposta é que os produtores disponibilizem as áreas de cultivo para servirem de unidades demonstrativas e unidades de observação dessas espécies.

“A gente espera determinar quais são as variedades de melhor comportamento, desenvolvimento, produção, tamanho e peso do fruto. E no futuro, vamos poder estabelecer quais delas são recomendadas para as diferentes regiões do estado”, explica o coordenador técnico estadual de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio.

O desenvolvimento das variedades será monitorado nos municípios de Coimbra, Conceição do Mato Dentro, Soledade de Minas, Coqueiral, Delfim Moreira, Marmelópolis, Lagoa Dourada, Rezende Costa, Machado e São João do Paraíso. Este último município, aliás, vai abrigar três unidades demonstrativas da pesquisa, que contará com eventos como dias de campo, cursos com a demonstração de poda, adubação e colheitas, entre outras práticas.

Pesquisa

O professor de Fruticultura de Clima Temperado do Departamento de Agricultura da Escola de Ciências Agrárias (Esal), Rafael Pio, disse que as mudas são frutos de um trabalho na instituição há 20 anos. O resultado foi a formação de um banco de germoplasma, que hoje contém 31 cultivares de marmeleiro e é considerado o maior da América Latina.

“O trabalho começou em nível de competição de cultivares para definir as mais produtivas. Desenvolvemos ações tanto no município de Jundiaí, no Leste paulista, como em Lavras, em 2016. As pesquisas geraram várias dissertações em mestrado e teses de doutorado”, finaliza.

Marmelo

Muitas famílias já viveram do cultivo do marmeleiro e o estado chegou a ter 27 agroindústrias processadoras de marmelo. Entre elas grandes produtoras de marmelada como a Cica, Peixe e Colombo, famosas na época. No ano de 1967, o estado tinha 7.582 hectares de plantio e produção de 11.500 toneladas de marmelo. Em 1994, as lavouras ocupavam 1.097 hectares, com uma produção de 1.632 toneladas. Já em 2002, o plantio era de 170 hectares e produção de 677 toneladas, chegando ao ano de 2021, com 55 hectares de plantio e produção de 360 toneladas de marmelo.

“Esses números caíram muito rapidamente, em função de doença como a entomosporiose, provocada pelo fungo entomospoium sp e pela entrada de novos doces no mercado”, fala Deny Sanábio.

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