É o que prevê a primeira estimativa para 2022
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou o resultado do 1º Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) deste ano. Pela pesquisa, a safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar 271,9 milhões de toneladas em 2022.
Na comparação com o terceiro prognóstico, publicado no mês passado, houve redução de 1,9%, o que representa 5,2 milhões de toneladas a menos. Mesmo com a redução, a safra deve ser 7,4% maior do que a de 2021.
“Essa redução na estimativa se deve à queda na safra de verão, principalmente por causa da forte estiagem que está atingindo os estados do Sul, como Paraná e Santa Catarina. Isso reduziu a estimativa da soja em 4,7% em relação ao terceiro prognóstico e em 2,3% na comparação com o produzido no ano passado. Só de soja é uma queda de 6,5 milhões de toneladas frente à estimativa do mês passado”, explica o gerente da pesquisa, Carlos Barradas.
Principal commodity do país, a soja, mesmo com a produção menor do que a do ano anterior, deve responder por 48,5% do total de cereais, leguminosas e oleaginosas do país. Somados, o arroz, o milho e a soja representam 93% da estimativa de produção de 2022. Desses três principais produtos, somente o milho deve superar a produção de 2021.
“No ano passado, a produção do milho foi prejudicada porque a soja foi colhida com atraso, o que diminuiu a janela de plantio da segunda safra, ficando mais dependente do clima e, como faltou chuva, isso prejudicou o desenvolvimento das lavouras. Neste ano, a estimativa de produção do milho está crescendo muito por causa da segunda safra, que tem uma base de comparação muito baixa. Além disso, a semeadura da soja foi antecipada, o que deve ampliar a janela de plantio e favorecer o milho, o algodão e o sorgo”, afirma.
A produção do milho foi estimada em 109,9 milhões de toneladas, aumento de 0,9% frente ao previsto no mês anterior e de 25,2% em relação à produção de 2021. Na primeira safra, o aumento em relação ao produzido no ano passado deve ser de 6,1%. Por causa da estiagem no Sul, a estimativa do grão caiu 4,6% frente ao previsto no terceiro prognóstico. Já a segunda safra deve chegar a 82,7 milhões de toneladas. É um crescimento de 2,9% frente à última previsão e de 33,1% em relação ao que foi produzido em 2021.
O feijão é outra cultura cuja produção teve aumento tanto frente ao previsto no terceiro prognóstico quanto ao total do ano anterior. Somadas as três safras, a leguminosa deve chegar a 3,1 milhões de toneladas. “A primeira safra do feijão teve declínio de 6,4% frente à estimativa anterior por causa da falta de chuvas nos estados produtores do Sul. Na segunda safra, houve aumento de 20%, já que há uma boa janela de plantio e os produtores devem investir. Tanto a produção do feijão quanto ao do arroz devem atender à demanda do mercado nacional”, diz Barradas. A produção do arroz foi estimada em 11,0 milhões de toneladas, queda de 4,9% frente à safra de 2021.
Outro destaque é a produção de café, que deve ser 13,6% maior do que a do ano anterior. As duas espécies do grão, arábica e canéfora, devem somar 3,4 milhões de toneladas. O ano será de bienalidade positiva (quando, em anos alternados, o grão tem produtividade alta), o que deve garantir ao café arábica uma safra 20,2% acima do que foi produzido em 2021.
“Boa parte desse café é produzida em regiões elevadas ou de montanhas, onde, no inverno do ano passado, fez muito frio. Em algumas regiões produtoras, houve geadas. Isso reduziu o potencial da produção, mas, por causa da bienalidade positiva, a safra deve aumentar bastante”, explica o pesquisador. Já o canéfora, também conhecido como conillon, deve chegar a 1,0 milhão de toneladas, o que representa um crescimento de 1,2% em relação a 2021.
Entre as grandes regiões, o Nordeste foi o único a ter aumento (1,1%) em sua estimativa frente ao mês anterior. Com produção de 24,4 milhões de toneladas, a região deve responder por 9,0% do total do país. A maior queda foi registrada pelo Sul (-5,7%), que deve totalizar 80,2 milhões de toneladas (29,5% do total). Já o Norte teve queda de 2,6% em sua estimativa e deve totalizar 12,0 milhões de toneladas (4,4% do total). O Centro-Oeste, com declínio de 0,2%, deve produzir 128,4 milhões de toneladas, ou 47,2% da produção nacional. Já a produção do Sudeste ficou estável e deve ser de 26,8 milhões de toneladas (9,9% do total).
Na comparação entre as unidades da Federação, Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com uma participação de 28,5%, seguido pelo Rio Grande do Sul (14,1%), Paraná (13,1%), Goiás (9,9%), Mato Grosso do Sul (8,5%) e Minas Gerais (6,2%), que, somados, representaram 80,3% do total nacional.