Especialista acredita que ainda é cedo para afirmar quais serão os reflexos, mas diz que o Brasil pode se beneficiar com a situação
O governo chinês decretou o lockdown em algumas regiões do país devido a um novo surto de casos de Covid-19. Cidades importantes, como Xangai, estão com restrições severas à circulação de pessoas e funcionamento de empresas. O país asiático é o principal parceiro comercial do Brasil e a situação pode comprometer as exportações e causar impactos para a economia brasileira.
Wagner Almeida, especialista em gestão financeira e professor de um centro universitário em Divinópolis, na região Centro-Oeste do estado, avaliou a situação a pedido do Uai Agro. Ele destacou que o governo chinês ainda não manifestou claramente como irá reagir ao impacto econômico causado pelo lockdown e, por isso, considera que ainda é cedo para indicar quais as possíveis consequências para outros países do mundo, inclusive o Brasil.
O especialista afirma que é provável que o governo chinês lance um pacote de subsídios para enfrentar os impactos sobre o consumo. “Das commodities talvez a mais ameaçada seja o minério de ferro, que depende da demanda industrial e da construção civil. Como Shenzhen e Xangai, principais polos industriais, estão em lockdown, uma das consequências é a queda da produção nessas cidades”, avalia Wagner.
Wagner acredita que o Brasil pode até se beneficiar com o lockdown na China, já que a produção interna do país chinês será comprometida, o que forçará um aumento das importações. Ele afirma que, a curto prazo, os impactos podem não ser percebidos e que tudo depende da duração das restrições.
“Trazendo para o lado do agronegócio, o modelo chinês de fomentar a renda e o consumo da população também é favorável para o setor, já que a demanda pelos produtos que o Brasil exporta continuará em alta. Não se fala muito sobre isso, mas a China produz muitos alimentos, porém como sua população é grande tudo o que é produzido é consumido. Como decretaram lockdown, a produção deles é comprometida, logo eles terão que importar mais. O que é ótimo para o Brasil, só temos que considerar que com esse aumento de demanda os preços dessas commodities podem subir ainda mais, causando uma inflação ainda maior nesses produtos do agronegócio”, finaliza o especialista.