Cadeia produtiva da baunilha no Brasil ainda não está estruturada e sua exploração depende de processos extrativistas
Foi o chef dinamarquês Simon Lau, que vive em Brasília desde a década de 1990, que “descobriu” as baunilhas do Cerrado e as introduziu como ingrediente na alta gastronomia. No entanto, ainda pouco encontrada em coleções pelo mundo. Com exploração econômica através da única orquídea com uso alimentício, a baunilha pode ganhar novo impulso.
O Banco Genético da Embrapa, um dos cinco maiores repositórios do gênero do mundo, ganha sua primeira coleção de baunilha. Mais de 70 amostras de orquídeas do gênero Vanilla compõem o primeiro banco de germoplasma de baunilhas do Brasil e o único do mundo a reunir um volume significativo de espécies da América do Sul. “A nossa coleção é inédita porque o Brasil possui inúmeras espécies silvestres do gênero Vanilla que nunca foram exploradas e que recentemente passaram a ter valor, podendo serem usadas não só no segmento da gastronomia como na indústria de cosméticos”, relata Roberto Vieira, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, líder do projeto de pesquisa sobre as baunilhas do Brasil.
Em quatro dias, pesquisadores percorreram áreas do estado de Goiás onde a baunilha é conhecida pela população. No município de Nova América, que já se chamou Baunilha, e em Itapirapuã, cerca de 30 mudas de diferentes espécies – Vanilla pompona, V. bahiana, V. chamissonis e uma ainda a ser identificada – foram coletadas e incorporadas ao primeiro banco de germoplasma da espécie, no Banco Genético da Embrapa. O objetivo dos pesquisadores, segundo a Embrapa, é aumentar a diversidade genética dos acessos do banco de germoplasma e buscar materiais com características superiores de interesse para o projeto. O material, além de compor o banco genético, será utilizado em estudos sobre as espécies. Uma primeira remessa de mudas foi plantada em uma área nativa da Embrapa Cerrados.
Segundo a Embrapa, a cadeia produtiva da baunilha no Brasil ainda não está estruturada e sua exploração depende de processos extrativistas para a comercialização dos frutos. Boa parte do material técnico disponível está voltado para a Vanilla planifolia, espécie mexicana que é cultivada em todo o mundo.