Rússia e Bielorrúsia estão entre os maiores exportadores de potássio e uréia para agricultura brasileira, segundo o governo federal
Tereza Cristina, Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, diz que acompanha de perto a guerra na Ucrânia e os possíveis reflexos da situação para o Brasil. Ela afirma que o estoque brasileiro de fertilizantes é suficiente para garantir o consumo interno até outubro.
O Brasil importa quase 80% dos fertilizantes utilizados pelos agricultores e grande parte desses produtos vem do Leste Europeu, principalmente da Rússia e de Belarus. O conflito na Ucrânia coloca em risco a logística internacional e comprometer o fornecimento desses insumos. Tereza Cristina disse que a situação é preocupante, e que acompanha o cenário com cautela.
Tereza Cristina destacou que o Brasil importa do Leste Europeu mais de 90% do potássio utilizado pela agricultura nacional. Belarus é um dos nossos principais parceiros comerciais e já vinha sofrendo sanções internacionais desde o ano passado, ameaçando o fornecimento desses produtos. Tereza Cristina afirmou que, diante disso, o Ministério já vinha estreitando laços com outros fornecedores, como Irã e Canadá. “Apesar da forte dependência que a gente tem de importação de nitrogênio, fósforo e potássio, nós já temos um estoque de passagem. A Associação Nacional de Adubos confirmou eu temos estoque para chegarmos até a próxima safra, em outubro”, afirmou a Ministra em entrevista à CNN.
O governo de Belarus informou, esta semana, que o comércio de fertilizantes para o Brasil teve que ser suspenso temporariamente. O país alegou que bloqueios nas rotas de escoamento pela Lituânia provocaram o problema. Tereza Cristina deve viajar nas próximas semanas para o Canadá, outro importante fornecedor de fertilizantes para o Brasil. A intenção é aumentar o volume de negociações e amenizar o impacto com a possível queda de exportações por parte da Rússia e de Belarus. Segundo ela, outra possibilidade é aumentar o uso de bioinsumos, como pó de rochas.
A ministra disse que ainda é cedo para fazer qualquer tipo de previsão mais aprofundada, mas destaca que quanto mais tempo a guerra durar, maiores serão as consequências em todo o mundo. Tereza Cristina disse que além do fornecimento de fertilizantes vindos da Rússia e de Belarus, outra preocupação é com a alta do preço de alimentos. A Ucrânia é uma importante fornecedora mundial de grãos, incluindo trigo, cevada e milho. “Vamos ter um rearranjo. É preocupante, mas temos que focar nas ações imediatas para que a gente tenha o mínimo de danos possíveis nos preços e no abastecimento”, disse a ministra.
Tereza Cristina ainda tranquilizou a população e disse que não acredita em uma possível falta de alimentos. “É muito cedo para a gente pregar dificuldade ou facilidade. Mas temos que ter planos para suprir o mercado brasileiro, para que o nosso povo seja abastecido”, finalizou.