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Estiagem interrompe captação de água em ribeirão e afeta agricultura

Com a falta de chuvas, produtores rurais tem enfrentado dificuldade pra preparar as lavouras e cuidar das plantações

Ribeirão dos Porcos baixou muito em Dores do Indaiá. (Foto: Filiphe Valverde)
Ricardo Miranda
8 de setembro de 2021
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Em Dores do Indaiá, na região Centro-Oeste do estado, não chove há mais de três meses. A estiagem é a pior em quase 100 anos, segundo a prefeitura. Por conta da seca, o nível de água do Ribeirão dos Porcos baixou muito e a Copasa precisou desligar as máquinas da única estação de captação que faz o abastecimento para a cidade. A situação impactou diretamente a agricultura do município. “A situação é realmente preocupante. Fomos surpreendidos ao ver o nível de água do ribeirão e estamos acompanhando de perto pra ver as providências da Copasa para diminuir esse impacto”, afirma Lauane Oliveira, gestora de meio ambiente da prefeitura de Dores do Indaiá.

Ribeirão está com apenas 10 cm de profundidade, bem abaixo do normal. (Foto: Filiphe Valverde)

Próximo à estação de captação da Copasa no ribeirão dos Porcos, a régua de medição do nível mostra que o córrego está com apenas 10 centímetros de profundidade, muito abaixo do normal para esta época do ano. A empresa já religou as bombas da estação de captação, mas com a pouca água que resta, praticamente não há correnteza e a Companhia de Abastecimento não está conseguindo os 2600m³ diários necessários para atender Dores do Indaiá. A empresa diz que foi surpreendida com a diminuição abrupta do nível do ribeirão e afirma que comunicou os órgãos ambientais e a Polícia Militar de Meio Ambiente para descobrir o que causou a situação. Estão sendo feitos levantamentos para saber se o curso d´água foi ilegalmente represado em algum local ou se o problema é causado apenas pela estiagem. Já a prefeitura diz que a Copasa deveria ter feito obras e investido em soluções para evitar que o caso chegasse a esse ponto. “Assim que soubemos da situação do ribeirão, procuramos a Copasa e eles não souberam nos explicar o que causou a situação e nem apresentaram um plano pra resolver o problema”, lembra Emerson Correa, procurador geral do município de Dores do Indaiá.

Problemas para a agricultura

Água baixou tanto que é possível ver o fundo do ribeirão. (Foto: Filiphe Valverde)

Segundo a prefeitura, Dores do Indaiá tem cerca de 12 mil moradores na área urbana e pelo menos 1 mil na zona rural. Nas propriedades, as famílias se dedicam à agricultura e à criação de gado. Nos últimos meses, a cidade também vive um momento de crescimento das plantações de milho e soja, culturas que dependem muito do fornecimento de água.

Com a estiagem prolongada e a suspenção da captação de água pela Copasa no ribeirão dos porcos, a agricultura está enfrentando problemas. Os produtores rurais foram orientados a evitar atividades que demandem irrigação e também não estão conseguindo preparar a terra pro plantio. “A atividade já sofre pelo tempo seco, pelo sol forte e pela falta de previsão de chuvas. E sem água, fica bem mais complicado. Estamos monitorando e buscando soluções para amenizar os problemas”, pontua Lauane Oliveira.

Previsão de mais estiagem

A previsão do tempo não aponta uma trégua para a estiagem em Dores do Indaiá. Segundo a prefeitura, a cidade não deve registrar chuva em setembro. A Copasa informou, em nota, que o município foi incluído no programa Pró Mananciais, que busca formas de recuperar e preservar as nascentes e córregos da bacia do ribeirão dos Porcos, para resolver definitivamente o problema.

Enquanto isso, segundo a prefeitura, a orientação é que tantos moradores da área urbana, quanto da zona rural, façam o uso racional de água, evitem desperdício e adiem atividades que demandem um gasto excessivo de água.

Leia abaixo a nota da Copasa na íntegra.

A Copasa informa que o abastecimento em Dores do Indaiá foi restabelecido na tarde de quinta-feira (02/09) e está sendo normalizado, gradativamente, no decorrer do dia de hoje (03/09).
A Companhia ressalta que, na última terça-feira (31/08), ocorreu uma interrupção abrupta na vazão do ribeirão dos Porcos, manancial que atende a cidade.
A Copasa solicita à população que continue realizando o consumo racional da água, uma vez que a Companhia e a Polícia Militar de Meio Ambiente ainda estão buscando solucionar definitivamente a questão da queda abrupta de vazão do Ribeirão dos Porcos. Os órgãos ambientas responsáveis também já foram acionados.
A Copasa ressalta que já trabalha ações de melhoria da vazão na região como a implantação, em 2021, do programa Pró-Mananciais que visa recuperar e preservar as nascentes e córregos que compõem a bacia do ribeirão dos Porcos. São realizadas diversas atividades, tais como plantio de mudas, implantação de barraginhas e terraceamentos, que ajudam a água das chuvas a realizarem seu caminho natural e abastecerem os lençóis freáticos, aumentando a oferta de água mesmo em período de secas.

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