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Sem poder exportar, Brasil suspende produção de carne para a China

Medida foi tomada devido à demora dos chineses para retomar importação de carne após confirmação de casos de Vaca Louca

Frigoríficos podem armazenar a carne enquanto situação não se resolve. (Foto: Mapa)
Ricardo Miranda
23 de outubro de 2021
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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) determinou esta semana que os frigoríficos brasileiros suspendam a produção de carne destinada à exportação para a China. A decisão foi tomada em meio a um impasse que já se arrasta há mais de um mês, desde que foram confirmados casos de Vaca Louca no Brasil.

Após confirmação de casos de Vaca Louca, chineses suspenderam importação de carne bovina do Brasil. (Foto: Secom MT)

No início do mês passado a exportação de carne bovina para a China foi suspensa depois da confirmação de dois casos de Vaca Louca. Os dois países possuem um protocolo sanitário que prevê que essa medida seja tomada em situações assim. Normalmente a suspensão é temporária, até que os chineses analisem os resultados de exames e informações enviadas pelo governo brasileiro. Mas, desta vez, já são mais de 50 dias com exportações suspensas.

Esta semana o governo dos dois países conversaram a respeito de uma solução para o impasse, mas ainda não chegaram a um consenso. A Ministra Tereza Cristina anunciou que uma comitiva do Mapa deve ir até a China para tentar resolver o problema. Na decisão desta semana o ministério estabeleceu regras para os frigoríficos estocarem o produto que seria exportado e está parado. “Autorizar, temporariamente, pelo período de 60 dias, que os fabricantes de carne bovina habilitados a exportar para a China realizem a estocagem de produtos bovinos congelados, fabricados anteriormente à suspensão da certificação sanitária internacional de produtos para a China em 4/9/2021 com destino a esse mercado, em contêineres dotados de equipamentos geradores de frio, nos pátios internos de habilitados à exportação para a China”, diz um trecho do ofício.

Impacto para os consumidores

Preço da carne bovina disparou e preocupa consumidores. (Foto: IBGE)

Com as exportações de carne bovina para a China suspensas há mais de 50 dias, toneladas do produto deixaram de ser vendidas para o país, que é um dos maiores compradores do Brasil. Outro fator que impacta diretamente na situação é a alta do dólar. Com a alta da moeda americana, para os frigoríficos é mais vantajoso vender no exterior.

A oscilação do preço da arroba do boi tem preocupado especialistas e afeta o mercado interno. Em Divinópolis, na região Centro-Oeste do estado, o professor universitário e especialista em gestão Jefferson Thompson analisa a situação com cautela. “Estamos passando por aumentos de preços consecutivos. Quem produz a carne está com mais interesse em exportar a carne do que vender internamente. No mercado consumidor interno, para que a gente possa consumir a mesma carne, nós temos que estar dispostos a pagar o preço que é pago pelo mercado externo. Isso impacta negativamente no bolso do consumidor e impacta positivamente no bolso do produtor”, explica o professor.

E quando os preços devem baixar?

Jefferson Thompson, professor universitário e especialista em gestão. (Foto: Gabriel Rodrigues – UNA Divinópolis)

O consumidor brasileiro está apreensivo com a situação e ansioso pela redução do preço da carne, mas não há sinalização de que isso deva acontecer a curto prazo. Como os frigoríficos brasileiros ainda possuem capacidade de armazenamento e estão mantendo a carne refrigerada, aguardando a volta das exportações para a China, o preço no mercado interno não deve cair, pelo menos por enquanto.

O professor Jefferson Thompson afirma que, se a suspensão se manter por mais tempo, a capacidade de armazenamento dos frigoríficos vai se esgotar e o produto pode acabar sendo vendido no mercado interno, contribuindo para a baixa dos preços. “Se esse cenário se prolongar, o produtor tem a opção de tentar exportar para outros países ou vender no mercado interno. A realidade é que, para o consumidor local, se começar a vender para o mercado interno a queda deve acontecer, mas não é algo que acontece rapidamente”, finaliza o especialista.

 

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