Produto é resultado da fermentação de um fungo e não causa impactos para o meio ambiente. Técnica é barata e pode ser aplicada em larga escala
Um trabalho inédito divulgado recentemente apresenta uma solução para um problema antigo que atinge lavouras de milho de todo o país. O bioinseticidade natural capaz de controlar a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) foi desenvolvido por cientistas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), Embrapa Meio Ambiente (SP) e Universidade de Copenhague (KU), na Dinamarca.
O bioinseticida é resultado da fermentação liquida do fungo Metarhizium robertsii. Esse processo químico produz leveduras chamadas blastoporos, células que podem ser diluídas e veiculadas com água e são capazes de matar o inseto causador da praga.
A expectativa dos pesquisadores é que em um futuro breve a tecnologia podia estar à disposição dos agricultores. Com a utilização do bionseticida natural vai ser possível evitar os prejuízos causados pela cigarrinha-do-milho, uma praga que pode levar a perdas de até 90% da produção nas lavouras.
Ao contrário dos inseticidas químicos que atualmente são utilizados para controlar a praga, o bioinseticida natural não traz impactos para o meio ambiente, nem para a saúde humana. O novo produto desenvolvido pelos pesquisadores também é capaz de tolerar estresses abióticos, como dessecação, radiação ultravioleta e altas temperaturas. “Podemos ainda manipular as condições nutricionais do meio de cultivo do fungo para obter blastosporos mais tolerantes a estresses abióticos, como dessecação, radiação ultravioleta e altas temperaturas”, informa ele, ressaltando que uma das formulações desenvolvidas na pesquisa é um pó molhável, o que permite a aplicação do produto por pulverizadores convencionais”, explica o analista da Embrapa Gabriel Mascarin.
Por ter origem na fermentação líquida de um fungo, o novo bioinseticida tem baixos custos de produção. Outra vantagem é que o produto pode ser aplicado via aérea ou terrestre, assim como na forma convencional com inseticidas químicos, sendo possível que o produtor rural use os equipamentos de aplicação já existentes na propriedade. O analisa da Embrapa ainda destaca que em apenas dois dias é possível produzir uma grande quantidade de blastoporos, torando o método barato e com baixo custo. Ainda segundo a Embrapa, uma das formulações desenvolvidas na pesquisa é um pó molhável que pode ser aplicado por pulverizadores convencionais.
A nova técnica foi aprovada em testes em laboratório. A próxima etapa são pesquisas em escala piloto para então acontecer a validação em escala industrial. A Embrapa e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii/Esalq-USP) procuram parceiros finalizar a pesquisa.