A empresa pretende explorar bauxita em Simonésia e Manhuaçu
Desde o ano passado lideranças contrárias à mineração, nas Matas de Minas, tem travado uma batalha com a mineradora Curimbaba, com sede em Poços de Caldas(MG). A empresa investiu em pesquisas no leste mineiro, depois de descobrir depósitos de bauxita de grau metalúrgico, em quantidades expressivas, nas cidades de Manhuaçu e Simonésia. Outros pontos também foram cogitados, porém pelo baixo volume de minério essas áreas foram retiradas do cronograma.
O Movimento pela Soberania Popular na Mineração(MAM), formado por ambientalistas e trabalhadores rurais, não aceita a instalação da empresa na região porque acredita que os danos causados por ela podem ser maiores que os benefícios.
Em dezembro de 2020 o grupo se reuniu na comunidade Taquara Preta, em Manhuaçu, e exigiu a saída de uma máquina que iniciava as atividades no local.
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Trata- se de uma rocha de cor avermelhada formada principalmente por óxido de alumínio (Al2O3) e outros compostos em menores quantidades, como sílica, dióxido de titânio, óxidos de ferro e silicato de alumínio. A formação da bauxita resulta da decomposição de rochas alcalinas, provocada pela infiltração da água das chuvas nas rochas ao longo de milhões de anos. O Brasil é o terceiro maior produtor de bauxita do mundo, perdendo apenas para a Austrália e para a China. No país, as reservas desse minério estão localizadas nos estados do Pará, Amazonas, Amapá e aqui em Minas Gerais.
O movimento ressalta que conhece as riquezas da região das Matas de Minas e entende que não se pode abrir mão delas em detrimento de outros ganhos.
“Nós do movimento estamos propondo é que se paute territórios que sejam livres da atividade mineral, pelas riquezas que possuem. Quando falamos da Região das Matas de Minas, a gente fala da capacidade turística, da agricultura familiar, da produção orgânica, da produção de água e das plantações de café”, argumenta.
Em nota, a empresa disse que todo o processo de licenciamento para a instalação na região está disponível nos órgãos responsáveis e que já colocou em prática um projeto de preservação ambiental nas Matas de Minas.
“Apesar de todo o licenciamento dentro do que determinam as normas ambientais, a empresa tem sofrido ataques e perseguições. Todos os documentos que autorizam a concessão estão disponíveis, além do processo ser público no site da ANM e da Supram”, revelou. Sobre a preservação ambiental informou que criou, em 2018, a Reserva Particular do Patrimônio Natural Sossego do Muriqui.
Veja no vídeo:
No vídeo a empresa ressalta a qualidade e a quantidade de água da Região das Matas de Minas. O movimento contra a mineração no Caparaó, como também é conhecida a região, teme que a atividade acabe com nascentes e contribua para a falta d’agua.
“A riqueza de bauxita na nossa região é tão grande que ela, as vezes, chega a estar até a 12 metros de profundidade. Essa camada de bauxita ajuda a infiltrar a água no solo e recarregar o lençóis freáticos. Então retirar esse mineral é afetar diretamente a produção de água da região”, diz movimento.
A empresa rebate as críticas e diz que pretende trabalhar em campo aberto, fora de matas e distante do curso d’água, em áreas onde antes eram cafezais. Ela disse ainda que a atividade iniciada, em dezembro de 2020, seguiu esses princípios. Para a Curimbaba a intervenção visa extrair o minério e ao mesmo tempo recuperar áreas que antes já estavam devastadas, por causa do alto relevo e o plantio constante do café. Segundo nota enviada pela empresa, a ideia é gerar emprego nos municípios e trabalhar a mineração com sustentabilidade.
A assessoria da Curimbaba informou o empreendimento está em fase de captação de áreas e licenciamentos. Ela disse ainda que não existe previsão de montar indústria de beneficiamento de bauxita na Região das Matas de Minas, portanto ainda não se fala em construção de barragens.
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