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Extrativismo: mineradora enfrenta embate com moradores

A empresa pretende explorar bauxita em Simonésia e Manhuaçu

Máquina carregadeira
Empresa montou reserva ambiental e disse que trabalha de maneira sustentável (Foto:Assessoria/Curimbaba)
Washington Bonifácio
10 de agosto de 2021
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Desde o ano passado lideranças contrárias à mineração, nas Matas de Minas, tem travado uma batalha com a mineradora Curimbaba, com sede em Poços de Caldas(MG). A empresa investiu em pesquisas no leste mineiro, depois de descobrir depósitos de bauxita de grau metalúrgico, em quantidades expressivas, nas cidades de Manhuaçu e Simonésia. Outros pontos também foram cogitados, porém pelo baixo volume de minério essas áreas foram retiradas do cronograma.

Bauxita bruta misturada com terra em um torrão.

Bauxita bruta misturada com terra. Registro feito em Manhuaçu (Foto: Assessoria Curimbaba)

O Movimento pela Soberania Popular na Mineração(MAM), formado por ambientalistas e trabalhadores rurais, não aceita a instalação da empresa na região porque acredita que os danos causados por ela podem ser maiores que os benefícios.

“Em momento algum a gente diz que é contra a mineração. Ela é uma atividade econômica que a humanidade desenvolveu que é central para o nosso processo enquanto sociedade e também o desenvolvimento tecnológico. A grande questão é que essa ferramenta está sendo usada de forma descontrolada”, explica Jean Carlos, liderança da MAM.

Em dezembro de 2020 o grupo se reuniu na comunidade Taquara Preta, em Manhuaçu, e exigiu a saída de uma máquina que iniciava as atividades no local.

Veja o vídeo postado pelo movimento nas redes sociais clicando aqui

O que é a bauxita

Trata- se de uma rocha de cor avermelhada formada principalmente por óxido de alumínio (Al2O3) e outros compostos em menores quantidades, como sílica, dióxido de titânio, óxidos de ferro e silicato de alumínio. A formação da bauxita resulta da decomposição de rochas alcalinas, provocada pela infiltração da água das chuvas nas rochas ao longo de milhões de anos. O Brasil é o terceiro maior produtor de bauxita do mundo, perdendo apenas para a Austrália e para a China. No país, as reservas desse minério estão localizadas nos estados do Pará, Amazonas, Amapá e aqui em Minas Gerais.

Foto de uma rocha de bauxita

Rocha de bauxita. Foto: Branko Jovanovic / Shutterstock.com

O movimento ressalta que conhece as riquezas da região das Matas de Minas e entende que não se pode abrir mão delas em detrimento de outros ganhos.

“Nós do movimento estamos propondo é que se paute territórios que sejam livres da atividade mineral, pelas riquezas que possuem. Quando falamos da Região das Matas de Minas, a gente fala da capacidade turística, da agricultura familiar, da produção orgânica, da produção de água  e das plantações de café”, argumenta.

Em nota, a empresa disse que todo o processo de licenciamento para a instalação na região está disponível nos órgãos responsáveis e que já colocou em prática um projeto de preservação ambiental nas Matas de Minas.

“Apesar de todo o licenciamento dentro do que determinam as normas ambientais, a empresa tem sofrido ataques e perseguições. Todos os documentos que autorizam a concessão estão disponíveis, além do processo ser público no site da ANM e da Supram”, revelou. Sobre a preservação ambiental informou que criou, em 2018, a Reserva Particular do Patrimônio Natural Sossego do Muriqui.

Veja no vídeo:

No vídeo a empresa ressalta a qualidade e a quantidade de água da Região das Matas de Minas. O movimento contra a mineração no Caparaó, como também é conhecida a região, teme que a atividade acabe com nascentes e contribua para a falta d’agua.

“A riqueza de bauxita na nossa região é tão grande que ela, as vezes, chega a estar até a 12 metros de profundidade. Essa camada de bauxita ajuda a infiltrar  a água no solo e recarregar o lençóis freáticos. Então retirar esse mineral é afetar diretamente a produção de água da região”, diz movimento.

A empresa rebate as críticas e diz que pretende trabalhar em campo aberto, fora de matas e distante do curso d’água, em áreas onde antes eram cafezais. Ela disse ainda que a atividade iniciada, em dezembro de 2020, seguiu esses princípios. Para a Curimbaba a intervenção visa extrair o minério e ao mesmo tempo recuperar áreas que antes já estavam devastadas, por causa do alto relevo e o plantio constante do café. Segundo nota enviada pela empresa, a ideia é gerar emprego nos municípios e trabalhar a mineração com sustentabilidade.

“As concessões da Curimbaba na região se concentram em áreas de pastagem e de plantações de café. A empresa não tem planos de retirar matas nativas”, completa.

A assessoria da Curimbaba informou o empreendimento está em fase de captação de áreas e licenciamentos. Ela disse ainda que não existe previsão de montar indústria de beneficiamento de bauxita na Região das Matas de Minas, portanto ainda não se fala em construção de barragens.

Saiba mais sobre a Curimbaba no Leste de Minas clicando aqui

 

 

 

 

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