O setor gerou 300 mil empregos em 2020, mas ainda está em declive com relação à produção mundial, diz Fiesp
O Departamento do Agronegócio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgou nesta semana o estudo “Agronegócio do Cacau: Produção, Transformação e Oportunidades” com os principais resultados de desempenho da cadeia produtiva.
Para analisar a situação do país, o estudo distinguiu a atividade agrícola (amêndoa de cacau) e a industrial (processadoras do cacau e indústrias de chocolates). Com isso, foi possível pontuar que a nossa produção está entre as maiores do mundo, porém em declive, com relação a países da América do Sul.
Agenda de retomada do crescimento agrícola precisa avançar no país, diz Fiesp. (Foto: Associação de Cacau da Bahia)
Existem os fatores positivos para se produzir cacau no Brasil, pois aqui se produz também leite e açúcar, que são matérias-primas utilizadas na fabricação do chocolate, que é a principal destinação dada ao cacau brasileiro.
De acordo com Censo Agropecuário de 2017, há mais de 93 mil estabelecimentos produtores de cacau no país. Eles estão concentrados na Bahia (74%) e no Pará (19%), que juntos representam 93% integralmente. De todas essas propriedades, 84% têm área inferior a 50 hectares.
O Brasil ocupa o 6º lugar na produção mundial de cacau, segundo a International Cooca Organization (ICCO). Porém os números apontam que países da América do Sul estão com ritmo de crescimento acelerado e, se nada for feito, o Brasil poderá seguir em tendência de queda e perder mais posições nesta década (2020-2029).
Estima-se que, em 2020, as indústrias tenham processado 231 mil toneladas de cacau, sendo 184 mil toneladas originadas no Brasil. Nos últimos dez anos (2011-2020), houve a necessidade de importação de 44 mil toneladas da amêndoa, na média, volume que poderá ser suprido pelo produtor brasileiro, desde que a agenda de retomada do crescimento agrícola avance, conforme considera o estudo da Fiesp.
Segundo o presidente da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Laerte Moraes, é preciso voltar a investir na cultura do cacau.
Para Moraes, é preciso abordar alternativas para superar a questão da renda e financiamento do produtor. Além disso, focar no estímulo à associação dos pequenos e médios produtores em cooperativas e na maior integração indústria-produtor, visando melhorar a produtividade, a qualidade e os custos.