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Cacau gera R$ 18 bilhões, mas Brasil ainda tem problema de produção

O setor gerou 300 mil empregos em 2020, mas ainda está em declive com relação à produção mundial, diz Fiesp

Cacau em sementes
Produção é boa, mas não supera países da América Latina, diz estudo. (Foto: Dino Divulgações)
Washington Bonifácio
28 de agosto de 2021
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O Departamento do Agronegócio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgou nesta semana o estudo “Agronegócio do Cacau: Produção, Transformação e Oportunidades” com os principais resultados de desempenho da cadeia produtiva.

Para analisar a situação do país, o estudo distinguiu a atividade agrícola (amêndoa de cacau) e a industrial (processadoras do cacau e indústrias de chocolates). Com isso, foi possível pontuar que a nossa produção está entre as maiores do mundo, porém em declive, com relação a países da América do Sul.

Cacau no pé em plantaçãoAgenda de retomada do crescimento agrícola precisa avançar no país, diz Fiesp. (Foto: Associação de Cacau da Bahia)

Existem os fatores positivos para se produzir cacau no Brasil, pois aqui se produz também leite e açúcar, que são matérias-primas utilizadas na fabricação do chocolate, que é a principal destinação dada ao cacau brasileiro.

Em 2020, o setor gerou R$ 18 bilhões em valor bruto da produção e mais de 300 mil empregos em todos os segmentos.  Somente o ramo industrial pagou mais de R$ 2 bilhões em salários e R$ 1,2 bilhão em encargos sociais.

De acordo com Censo Agropecuário de 2017, há mais de 93 mil estabelecimentos produtores de cacau no país. Eles estão concentrados na Bahia (74%) e no Pará (19%), que juntos representam 93% integralmente. De todas essas propriedades, 84% têm área inferior a 50 hectares.

Muito cacau colhido

Brasil poderá seguir em tendência de queda e perder mais posições na próxima década, diz estudo. (Foto: Casa Civil da Bahia)

Produção brasileira e cenário mundial

O Brasil ocupa o 6º lugar na produção mundial de cacau, segundo a International Cooca Organization (ICCO). Porém os números apontam que países da América do Sul estão com ritmo de crescimento acelerado e, se nada for feito, o Brasil poderá seguir em tendência de queda e perder mais posições nesta década (2020-2029).

Estima-se que, em 2020, as indústrias tenham processado 231 mil toneladas de cacau, sendo 184 mil toneladas originadas no Brasil. Nos últimos dez anos (2011-2020), houve a necessidade de importação de 44 mil toneladas da amêndoa, na média, volume que poderá ser suprido pelo produtor brasileiro, desde que a agenda de retomada do crescimento agrícola avance, conforme considera o estudo da Fiesp.

O que pode ser feito

Segundo o presidente da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Laerte Moraes, é preciso voltar a investir na cultura do cacau.

Muitos produtores de cacau ainda encontram dificuldade em acessar o crédito agrícola para financiar a renovação e aprimorar o manejo da lavoura, dado que reforça as discrepâncias entre sistemas produtivos dentro do próprio segmento”, destaca.

Para Moraes, é preciso abordar alternativas para superar a questão da renda e financiamento do produtor. Além disso, focar no estímulo à associação dos pequenos e médios produtores em cooperativas e na maior integração indústria-produtor, visando melhorar a produtividade, a qualidade e os custos.

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