Rússia responde por 22% das importações de fertilizantes feitas pelo Brasil e cenário de incerteza já impacta nos preços
Enquanto Rússia e Ucrânia não chegam a um acordo para colocar fim à guerra, agricultores brasileiros acompanham com preocupação o preço dos fertilizantes. Os russos respondem por grande parte das importações de fertilizantes feitas pelo Brasil e as sanções econômicas impostas pelo mercado internacional pode comprometer o comércio dos insumos agrícolas.
De acordo com Marcelo Mello, especialista em fertilizantes da consultoria StoneX, no ano passado 22% dos fertilizantes importados pelo Brasil vieram da Rússia. Desde que os russos invadiram a Ucrânia, na última semana, várias sanções econômicas foram anunciadas e o preço desses produtos no mercado internacional já começaram a subir.
O Brasil depende dos fertilizantes vindos do exterior. O país importa 85% dos produtos do chamado grupo NPK: nitrogenados (N), fosfatados (P) e os de potássio (K). No ano passado, Brasil e Rússia firmaram um acordo para garantir o fornecimento dos produtos, indispensáveis para diversas plantações.
Problemas no fornecimento de fertilizantes podem comprometer a produção mundial de alimentos, afetando diretamente países como Brasil, Estados Unidos e China, que dependem dos produtos exportados pelos russos. Com a guerra na Ucrânia, e as sanções impostas à Rússia, o cenário é de incerteza. “Não vai ser imediata a falta de comida, mas a tendência é aumentar muito os preços. E, na hipótese de faltar fertilizantes mundialmente, em 6, 8 meses ou 1 ano vai faltar para todos os países, inclusive para o Brasil“, explica Marcelo Mello, especialista em fertilizantes da StoneX.
Tereza Cristina, Ministra de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, disse na semana passada que o Brasil possuiu outros parceiros internacionais para adquirir fertilizantes. Apesar disso, a guerra e as dificuldades logísticas para o escoamento dos fertilizantes russos já elevou a cotação dos produtos no mercado internacional, o que vai pesar nos custos da produção para os agricultores brasileiros. Mesmo com outros fornecedores, Luiz Felipe Faustino, diretor de Relações Institucionais da Unigel Fertilizantes, acredita que os agricultores serão impactados, já que “substituir o fornecedor atual em uma escassez global de fertilizantes sendo comercializados, por si só, já deve elevar preços”, conclui.