Pesaram os períodos prolongados de seca e muito calor na época das floradas, além das geadas no último inverno
A expectativa dos cafeicultores do Sul de Minas Gerais está baixa, mesmo 2022 sendo um ano de bienalidade positiva na cultura do café, o que significa maior produtividade do grão. Para esse cenário, pesaram as condições climáticas adversas enfrentadas no ano passado, com períodos prolongados de seca e muito calor na época das floradas, além dos cafezais já estarem prejudicados pelas geadas severas no último inverno.
Para Willem de Araújo, gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) em Guaxupé, no Sul de Minas, as esperanças de uma boa safra em 2022 foram deixadas de lado ainda em dezembro.
“Infelizmente houve um baixo vingamento dos frutos e se restringiu em algumas regiões a uma única florada. Isso foi devido a questões climáticas que enfrentamos aqui no Sul de Minas, como a geada, em julho e agosto, e o longo período de estiagem, que em alguns municípios foi superior a 100 dias. Embora o cafeeiro precise de um pouco de estresse hídrico, no último ano esse fenômeno foi muito acima do esperado, o que acarretou esse baixo pegamento”, comentou Willem.
Os ramos e as rosetas estão com metade do que seria esperado para esse período do ano, o que irá causar um impacto negativo no volume da próxima safra. Além do clima, outra preocupação é quanto ao desempenho da cafeicultura no Estado de Minas, já que no final do ano a escassez de fertilizantes prejudicou a adubação do ciclo final do café.
“É fundamental manter em dia os tratos culturais, como o controle do mato e das doenças, como a ferrugem, que costuma aparecer nesta época de mais chuvas. Muita atenção também com o monitoramento da broca, que afeta muito a qualidade do café, já que esta praga consome a parte interna dos frutos. Os extensionistas da Emater-MG estão sempre à disposição para orientá-los a tomar as melhores decisões, o que neste momento de incertezas e dificuldades é ainda mais importante, para evitar maiores perdas”, finaliza.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que o volume total de café (arábica e conilon) produzido no Brasil foi de 47,716 milhões de sacas do produto beneficiado. O levantamento foi 24,4% menor do que em 2020. Em Minas Gerais, a produção ficou em 22,142 milhões de sacas de café beneficiado, com queda de 36,1% em relação ao volume de 2020 e 9,8% abaixo do total colhido em 2019 (última safra de bienalidade negativa). Cerca de 11,751 milhões de sacas foram colhidas nas regiões Sul e Centro-Oeste do estado, onde as condições climáticas ficaram marcadas pela escassez de chuvas e ocorrência de geadas.