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Carnes, soja e milho ficaram até 70% mais caros

Preço da carne pode aumentar ainda mais, por conta da alta nos custos da produção

Carnes tiveram aumento no primeiro semestre deste ano. (Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Ricardo Miranda
20 de agosto de 2021
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Um levantamento feito pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) revelou que algumas commodities importantes, com exceção da batata, tiveram significativas altas nos preços no primeiro semestre deste ano. Na comparação com o mesmo período de 2020, a soja, por exemplo, subiu 78%. O algodão, 75%. Já o milho teve alta de 77%.

Aumento do preço do arroz assustou os consumidores. (Foto: Divulgação redes sociais)

Considerando os preços em reais (R$), outros produtos que tiveram aumentos expressivos foram o arroz (55%) e o trigo (40%). A conclusão foi apresentada nesta quinta-feira (19) pelo Instituto na análise trimestral sobre preços e mercado agropecuários, que acompanha preços domésticos e internacionais, bem como o balanço da oferta e demanda dos principais produtos do setor agrícola.

Na análise dos preços internacionais (em dólares), a comparação do primeiro semestre de 2021 com o de 2020 mostra que apenas o arroz apresentou queda de 11%. Todos os outros produtos analisados tiveram altas expressivas. O milho subiu 72,3%. A soja aumentou 65,9%. Também houve aumento no preço do algodão (38,1%), trigo (24,4%), boi gordo (18,3%), porco magro (65,3%) e carne de frango (24,2%).

“As altas de preços agropecuários no Brasil resultaram de uma combinação de fatores como a crise hidrológica, as significativas altas de preços internacionais e desvalorização cambial”, avaliou o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Castro de Souza Júnior, um dos autores da nota.

Explicações para o aumento

Os problemas nos cultivos de alguns produtos, causados principalmente pelas condições climáticas, ajudam a explicar a alta nos preços. No caso do milho, o preço subiu 11,9% só no segundo semestre deste ano. O reajuste foi puxado principalmente pelo comprometimento das lavouras, que tiveram a produtividade prejudicada, diz o IPEA na nota.

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) também participou da análise feita pelo IPEA. Segundo o CEPEA, no caso do café arábica, o mais produzido no Brasil, a alta no segundo semestre de 2021 chegou a 17,5%. A expectativa dos analistas é que haja oscilação do preço do grão durante o restante do ano, com o valor mantendo-se acima do observado em 2020.

Impactos para o consumidor

Milho e soja tiveram aumentos significativos no primeiro semestre deste ano. (Foto: Ministério da Agricultura)

Como a soja e o milho são importantes componentes da alimentação animal, o preço das carnes foi diretamente impactado pela alta dos grãos no primeiro semestre deste ano. O boi gordo subiu 4,9% entre o primeiro e o segundo semestre de 2021. A carne suína teve alta de 2,9% e o maior aumento de preço foi observado na carne de frango, que subiu 10,9% no período.

A perspectiva para o segundo semestre de 2021 é que os preços continuem em alta, impactando diretamente no bolso do consumidor. “A alta observada nos grãos deve impactar os custos de produção da pecuária, o que pode influenciar negativamente a oferta dessas commodities e das proteínas animais no país”, considerou a pesquisadora associada do Ipea, Ana Cecília Kreter.

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