Com o pior período chuvoso em quase 100 anos, reservatório encerrou junho com apenas 30% da capacidade de armazenamento de água
O Brasil enfrenta a pior estiagem em quase 100 anos. É o que aponta o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, avaliando o longo período de estiagem. A crise hídrica causou impactos significativos no Lago de Furnas, um dos maiores reservatórios do país e que encerrou o mês de junho com apenas 30% da capacidade de armazenamento de água. Diante disso, a Emater-MG tem desenvolvido uma série de ações junto à Copasa, prefeituras e Agência Nacional de Águas (ANA) pra tentar diminuir os impactos gerados pela crise hídrica.
O Lago de Furnas é um dos maiores reservatórios de água do país, com 1440 quilômetros quadrados de área inundada. A irregularidade das chuvas baixou o nível do lago e, segundo meteorologistas, deve se estender pelos próximos meses. Os 34 municípios da região de Furnas já sentem os impactos da seca. Além do turismo, a piscicultura e a agricultura são fortemente afetados pela situação.
O Lago de Furnas se estende por uma área tão grande que, em vários lugares, é chamado de “Mar de Minas”. Além da importância para o setor elétrico do país, o reservatório está diretamente ligado a atividades de turismo, criação de peixes e agricultura. Atividades que são diretamente afetadas pelo baixo nível do reservatório.
Com o objetivo de tentar minimizar os efeitos da crise hídrica e auxiliar produtores rurais da região, a Emater-MG tem trabalhado em uma série de ações nos municípios que ficam às margens da represa. Um dos programas é o projeto Produtor de Águas, desenvolvido nas cidades de Passos, Capitólio, Piumhi, Doresópolis e Pimenta. “A proteção de nascentes e áreas de recarga, manejo de solo e conservação de estradas vicinais são algumas das atividades realizadas. O programa Produtor de Águas prevê também o pagamento de serviços ambientais aos produtores, que aderirem ao projeto. Então é um avanço, porque o programa reconhece que, ao realizar ações de mitigação dos impactos das mudanças climáticas, os agricultores estão contribuindo para a melhoria da quantidade e da qualidade da água para toda a sociedade”, explica a coordenadora regional de Meio Ambiente da Emater-MG em Passos, Alice Soares.
Em parceria com a Copasa, a Emater também está desenvolvendo o programa Pró Mananciais em Capitólio, Cássia, Carmo do Rio Claro e Itaú de Minas. O objetivo desse projeto é manter as Áreas de Preservação Permanentes (APPs).
A crise hídrica traz impactos diretos para quem depende do Lago de Furnas, mas também é prejudicial a todos os brasileiros. Por isso, é tão importante que haja uma colaboração coletiva no consumo consciente de água e na adesão aos programas de preservação dos mananciais.
A crise hídrica confirma os prognósticos do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC). O estudo afirma que, com as mudanças climáticas, eventos extremos vão se tornar mais frequentes e intensos em todo o mundo. “A previsão é de pouca chuva até novembro. Se agora já estamos com o reservatório tão baixo, imagina daqui a alguns meses. Então o cenário é muito preocupante”, lamenta Fausto Costa, secretário-executivo da Associação dos Municípios do Lago de Furnas (Alago).