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Guerra na Ucrânia completa 1 mês e já impacta no agro do Brasil

Conflito começou no dia 24 de fevereiro e os reflexos já são sentidos em diferentes setores da economia brasileira

Guerra começou no último dia 24 de fevereiro. (Foto: Daniel MIHAILESCU / AFP)
Ricardo Miranda
24 de março de 2022
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Há exatamente um mês o presidente russo Vladimir Putin ordenou a invasão da Ucrânia e, desde então, o conflito armado se intensificou. Enquanto a guerra no Leste Europeu continua longe do fim, os reflexos já podem ser sentidos no Brasil. E a preocupação e que os impactos sejam ainda maiores, principalmente no agronegócio.

Desde o início da guerra foram anunciadas várias sanções à Rússia. E em um mundo de economia globalizada, os efeitos são sentidos em diferentes países, inclusive no Brasil. Nós conversamos sobre essa situação com Wagner Almeida, administrador, especialista em gestão financeira e professor em um centro universitário de Divinópolis, na região Centro-Oeste do estado. Para ele, o aumento de preços causado pela guerra já é visível.

Professor Wagner Almeida analisa os impactos da guerra para o Brasil. (Foto: UNA Divinópolis)

“Indiscutivelmente o maior impacto é a pressão inflacionária provocada principalmente pela alta nos combustíveis, já que a Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo. Fato este também que afeta a oferta de vários produtos. Nesse cenário já turbulento em função do desequilíbrio provocado pela pandemia, as consequências para o Brasil serão maiores no comércio com a Rússia, pois ela está entre os maiores importadores dos produtos nacionais e para onde o Brasil também exporta muito principalmente produtos agrícolas, como soja e café”, diz o especialista. Wagner ainda alerta sobre a situação dos fertilizantes, destacando que mais de 20% dos defensivos agrícolas importados pelo Brasil vem da Rússia.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) afirmou, após o início da guerra, que o Brasil possui estoque de fertilizantes que deve durar, pelo menos, até junho. Mas o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) analisou a situação e afirma que “certamente, não será fácil para o Brasil substituir os fornecedores a tempo do plantio que se iniciará no segundo semestre, dado o peso do país nas importações totais desse produto e a forte dependência de Rússia e Bielorrússia. Isso pode não apenas afetar preços como reduzir significativamente a safra 2022/2023 em alguns produtos, tanto pela redução da área plantada como da produtividade”, divulgou o órgão do governo federal.

Impactos já visíveis

Mesmo distante geograficamente, Minas Gerais já sente os impactos da guerra na Ucrânia, principalmente em relação ao preço e à oferta de alguns produtos. Em Divinópolis, na região Centro-Oeste, logo após o início do conflito uma rede de supermercados chegou a limitar a quantidade de alguns produtos por cliente.

Produção mundial de trigo pode ser afetada pela guerra e preços já começam a subir. (Foto: Embrapa)

O preço de produtos derivados do trigo já subiu. “O Brasil é o quinto maior importador mundial do cereal e, mesmo que não importe da Ucrânia, pode ser indiretamente afetado pela pressão na oferta sobre os países que fornecem a commodity para o Brasil, como a Argentina que é responsável por 76,4% das importações brasileiras”, divulgou o Ipea.

Em relação às perspectivas para o futuro, o professor Wagner Almeida alerta que as dificuldade podem aumentar, caso a guerra se prolongue. “Como o Brasil é muito dependente dos fertilizantes russos, caso o conflito persista o país enfrentará dificuldades para encontrar um novo fornecedor desses insumos até o segundo semestre de 2022, que é quando começa o novo plantio. Isso afetará não apenas os preços desses produtos, como poderá reduzir significativamente a safra 2022/2023 seja pela redução da área plantada, seja pela produtividade. Logo, com a redução da oferta desses produtos, a tendência é que os preços estarão mais caros no varejo”, finaliza o especialista.

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