A primeira turma do programa é de Jordânia e tem 30 produtores rurais.
O Portal Uai Agro acompanha o desenvolvimento de vários Programas de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), por Minas Gerais. Já falamos aqui dos resultados para a cafeicultura e a pecuária leiteira. Hoje a notícia vem de Jordânia, no Vale do Jequitinhonha. É que o Sistema Faemg lançou o piloto do ATeG Cacauicultura no município. As características da região são propícias para essa cultura. “Boa parte do cacau mineiro é produzido em matas, em um sistema de agrofloresta. Isso traz benefícios como a preservação das nascentes e a farta infiltração de água no solo”, informou o coordenador do Projeto AgroNordeste II, Wender Guedes.
Segundo o técnico de campo Kaike Lacerda, o lugar é perfeito para o cultivo do cacau “A região tem resquícios de mata atlântica e mata de cipó. Rica em água, é onde também deságua o Rio Jequitinhonha”, disse.
Como nem tudo são flores, os produtores já sabem que terão alguns desafios pela frente. Kaike já identificou alguns gargalos que acompanham a turma de 30 cacauicultores. Um dos principais, de acordo com ele, é a comercialização. “A produção acaba chegando aos atravessadores e isso estabelece um preço de venda abaixo do mercado para o produtor rural”, disse. Além disso, “muitos produtores não fazem o beneficiamento, que consiste na colheita, seleção, quebra do cacau, fermentação, secagem e armazenamento. Isso melhora a condição do produto vendido até para fazer um chocolate de melhor qualidade”, garantiu.
No ATeG todos os aspectos da produção são avaliados, principalmente os gerenciais. O produtor precisa aprender sobre o cultivo, mas também sobre a melhor maneira de gerenciar o negócio. “Além da questão técnica, os produtores deverão trabalhar indicadores gerenciais, objetivando diminuir os custos de produção e, consequentemente, aumentar a lucratividade e a qualidade de vida no campo”, afirma Wender Guedes.
O cacau tem muita importância econômica para o Brasil, que é o 7º maior produtor do mundo e ocupa a 7ª posição entre os maiores exportadores do produto e seus derivados, segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil). Com histórico e estatísticas promissoras, somados ao interesse de produtores mineiros pela fruta, a cultura merece ganhar um braço do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) só para ela.
Arthur Nunes espera melhorar a produção de cacau que é uma sucessão familiar. Na década de 80, a propriedade já tinha uma produção significativa, mas, com a chegada da “vassoura de bruxa”, a família acabou vendendo a propriedade. Agora, com a oportunidade de atendimento específico, novos investimentos foram feitos. “Comprei mais uma área para dar continuidade. A minha família e a região têm uma quantidade boa de cacau plantado. Com o ATeG analisando tudo conosco, é a chance de produzir ainda mais”, revelou.
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jordânia apresentou a demanda para o Sistema Faemg e, assim, o projeto piloto foi estudado e implementado. De acordo com a presidente do sindicato, Tereza Pereira Lima, a expectativa é de que, “por meio do Programa, os produtores do município aumentem a produtividade, tenham mais incentivos e garantam a qualidade do produto. Foi mais um acerto do Sistema Faemg acatar o nosso pedido e só temos a agradecer. Espero que a turma piloto incentive outros produtores na região e no estado a produzirem a fruta”.
“O nosso objetivo é, além de melhorar a técnica, levar mais gerenciamento e lucratividade. Sabemos do potencial da região e estudamos para apresentar diretrizes e tecnologias adequadas para gerar novas oportunidades”, finalizou o gerente regional do Sistema Faemg em Araçuaí, Luiz Rodolfo Antunes Quaresma.