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Startup francesa transforma palha de café em biochar

Cooperativa de Café das Matas de Minas fecha parceria com essa empresa em projeto inédito no Brasil

carvão em mãos
Entenda as vantagens do projeto para o meio ambiente e o produtor rural. (Foto: Divulgação)
Washington Bonifácio
16 de maio de 2022
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A Cooperativa de Café das Matas de Minas (Coocafé) se reuniu com a startup francesa NetZero para um projeto inédito no Brasil. O objetivo é implantar no município um sistema que produz biochar, utilizando a palha do café. Biochar é união das palavras em inglês biomass (biomassa) e charcoal (carvão), e identifica um carvão biológico. Segundo a empresa, ele tem propriedades que geram no solo um ambiente propício a microrganismos que levam nutrientes até a planta, o que o torna um potente fertilizante.

Reaproveitamento

Um dos grandes desafios da produção cafeeira para a redução de impactos ambientais é a destinação que se dá à palha de café. A prática da queima acaba por ser comum, porém ela é altamente poluente e vem sendo coibida pelos órgãos ambientais. A proposta é que, com a implantação da fábrica em Lajinha, os produtores cedam a palha de café, que será processada e transformada no biochar e também em energia. O diretor técnico da NetZero França e presidente da NetZero no Brasil, Pedro Figueiredo, explica os detalhes e enumera as vantagens ao produtor.

“O biochar utilizado como fertilizante pode aumentar em até 30% a produtividade na lavoura, o que significa um ganho financeiro muito grande”, destaca Figueiredo, que pautou em pesquisas científicas esse número.

HOMEM FALA EM MICROFONE

A empresa foi criada para elaborar meios que miniminizem os impactos ambientais das atividades do agro. (Foto: Divulgação)

Ainda de acordo com a empresa, a utilização dos fertilizantes tradicionais representa quase 90% de toda a emissão de gás carbônico da cadeia produtiva do café. A substituição de parte desse fertilizante pelo biochar significa um avanço para a redução dessa emissão.

“A proposta do projeto é ceder ao produtor que disponibilizar sua palha um percentual que pode chegar a 50% do biochar gerado. Isso sem nenhum custo a ele”, diz o diretor técnico da NetZero. “A outra parte será disponibilizada a um preço muito inferior ao de mercado. Enquanto o nosso custo será de R$ 3,00 o quilo, lá fora esse valor gira em torno dos R$ 25,00”, comenta. “E o outro ganho será em energia elétrica gerada pelo processo de queima do gás do biochar. Vamos reverter entre 30 e 50% ao produtor”, conclui.

Coocafé

Para o diretor presidente da Coocafé, Fernando Cerqueira, o projeto é vantajoso em diversos aspectos. “Esse projeto visa fazer o sequestro de carbono através desse processo especial com a palha. Entendemos que é ousado e temos a possibilidade de ser a primeira fábrica no Brasil de biochar. E a médio prazo, vejo que o produtor poderá também ter o seu selo de Carbono Zero, algo que o mercado vem perseguindo muito”, comenta Cerqueira.

Presidente da coocafé

Presidente da Coocafé disse que aceita a parceria. (Foto: Divulgação)

A NetZero foi fundada na França com propósito de promover ações de apoio aos organismos internacionais na luta pela redução dos impactos do efeito estufa na terra. Recentemente, a instituição foi contemplada por uma iniciativa da Fundação Musk, do empresário Elon Musk, que premia iniciativas de remoção de carbono da natureza. Dentre milhares de projetos, o da NetZero foi selecionado para receber o valor de US$ 1 milhão, que será aplicado em fábricas de biochar em uma série de países.

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