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Fossas sépticas ecológicas ajudam afetados por rompimento de barragem

Um curso gratuito foi oferecido pelo Sistema Faemg Senar em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Sete Lagoas

Fruticultores foram "selecionados a dedo" para participar do projeto. (Foto: Faemg)
Ricardo Miranda
21 de dezembro de 2022
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Em Fortuna de Minas, na região Central do estado, produtores rurais das comunidades de Beira Córrego, Córrego de Areia e Três Barras, foram convidados a participar de um curso para aprender a construir fossas sépticas ecológicas. As famílias vivem no entorno do Rio Paraopeba, em uma área atingida pela lama tóxica resultante do rompimento da barragem de Brumadinho em janeiro de 2019.

Rompimento da barragem destruiu pastagens e áreas cultiváveis. (Foto: Faemg)

A iniciativa é do Sistema Faemg Senar, em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Sete Lagoas. O curso gratuito de Construção de Fossas Sépticas Ecológicas está ajudando as comunidades rurais que até hoje sofrem os impactos causados pela contaminação dos mananciais, nascentes e afluentes do Paraopeba, além do próprio rio.

O rompimento da barragem e a contaminação dos recursos hídricos causaram perdas significativas na comercialização de alimentos, produção animal, além de afetar as pastagens, áreas férteis e agricultáveis. “Com isso, os produtores rurais da região se tornaram muito mais conscientes e preocupados com a qualidade da água que utilizam em suas casas e produções”, disse o instrutor Hérksson Mota Maia.

Fossas sépticas Ecológicas

No curso, os alunos aprendem sofre a fossas sépticas, que podem servir para tratar a água do vaso sanitário, mas também o restante dos efluentes do esgoto doméstico. “Nossa proposta é contemplar o tratamento integral da água utilizada pelas comunidades. A intervenção com as fossas sépticas trata a água dos mananciais no entorno do Paraopeba e cuida do lençol freático que abastece as cisternas”, explicou o instrutor.

De acordo com o Sistema Faemg Senar, desde o rompimento da barragem de Brumadinho vários municípios sofrem problemas de saneamento, desvalorização das terras e precisam conviver com a escassez de água potável. A proposta do curso é mudar a realidade dessas cidades. Os produtores rurais participantes do curso foram ‘escolhidos a dedo’. São todos produtores de frutas e hortaliças. “A ideia é que a metodologia de construção de fossas ecológicas sirva de referência para a construção de outras 300 fossas semelhantes na zona rural”, explicou Hérksson.

Abdala Nascif, presidente da Associação Comunitária dos Moradores de Beira Córrego, Retiro dos Moreiras e adjacências, e também membro da Comissão dos atingidos, trabalhava como pecuarista de leite na época do rompimento da barragem e, devido aos impactos com a tragédia, perdeu toda a renda. “Todo o sonho de uma vida, foi por água abaixo. Tínhamos uma vida tranquila. Íamos ao rio pescar. Não vamos mais e eu não tenho mais coragem de comer nenhum peixe do Paraopeba”, falou. “A comunidade ribeirinha ficou em alerta. Foi um terrível. Eu nunca vi isso na minha vida. Com o passar do tempo, começamos a compreender o que se passava e nos informar sobre as ações de reparação integral”.

Abdalah se tornou fruticultor e também cultiva milho e sorgo par alimentação do próprio gado. Para ele, o curso está resgatando o otimismo e a esperança dos produtores. “Todos estão animados por estarem aprendendo algo novo que impactará na saúde e qualidade de vida de nossas famílias, na preservação das nascentes, na produtividade das hortaliças, pomares e criações e na conscientização e educação das futuras gerações”.

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